sábado, 20 de dezembro de 2014

Livro e blog com HQs comentadas celebram o mestre Disney Ivan Saidenberg

Por Marcus Ramone
Data: 9 dezembro, 2014
O roteirista e cartunista brasileiro Ivan Saidenberg (12/11/1940 – 30/10/2009), criador de vários personagens Disney e cuja parceria com Renato Canini continua sendo a mais cultuada entre os fãs do Zé Carioca, tem sua primeira biografia reeditada pela Marsupial Editora. A obra, escrita pela também roteirista Lucila Simões Saidenberg, filha do artista, havia sido publicada no ano passo, de forma independente.
Ivan Saidenberg: o homem que rabiscava (128 páginas, R$ 22,90), em pré-venda na loja online da editora, faz parte da Série Recordatório e narra a vida e a obra do quadrinhista, que também se destacou na fase de ouro das HQs de terror do Brasil.
Outra boa pedida para os fãs e admiradores do artista – e dos quadrinhos Disney – é o blog Ivan Saidenberg – Histórias comentadas, em que Lucila conta detalhes e curiosidades de bastidores das HQs escritas por seu pai. Leia mais

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Entrevista Alexandre Winck




Faça uma breve apresentação
Sou roteirista, escritor, editor, jornalista, tradutor e revisor. Sou formado em Comunicação Social e Jornalismo pela UFSC, mas como roteirista e escritor sou totalmente autodidata. Atualmente edito e escrevo para a revista online de quadrinhos e contos ilustrados de terror e fantasia Contos do Absurdo para a Publigibi, estou colaborando com diversas coletâneas e tenho alguns projetos de criação própria em quadrinhos, cinema e animação que pretendo viabilizar a partir do próximo ano. Também ano que vem devo começar a dar aulas de roteiro aqui na Publigibi.

Que quadrinhos você lia quando era criança? Quas foram suas principais infuências?
Eu fui um leitor de "fases". Até uma certa idade, lia muito Disney e Turma da Mõnica, depois passei a ler muitos super-heróis, uma época lia muito Batman, depois Homem-Aranha, depois Hulk... Na adolescência veio o tal "desbunde", descobri Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, e daí vieram as leituras mais adultas.
Como roteirista, me influencio muito pelos britânicos, não só Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison, mas também Garth Ennis, Mark Millar, Peter Milligan... Mas como escrevo diferentes tipos de quadrinhos, me inspiro em influências diversas. Para escrever HQ infantil, por exemplo, penso em Carl Barks, Goscinny e Uderzo, Charles Schulz.

Seu trabalho mais longevo foi o Sesinho. Quais as dificuldades de se fazer um quadrinho institucional-educativo? Que dificuldades enfrentou? Qual a melhor história que escreveu para o personagem?
Sinto que a maior dificuldade é casar a qualidade narrativa e de entretenimento com os aspectos educativos e institucionais. Trata-se de um produto que você está criando para um cliente, então o cliente sempre tem a palavra final, diferente de uma obra autoral em que eu, como criador, tomo as decisões e tenho mais liberdade de discordar de um editor e até enviar a história para outro, por exemplo. Geralmente os projetos institucionais já são criados para um cliente específico. Outra dificuldade é incluir o conteúdo didático na trama da forma mais natural possível e manter um certo ritmo.  Me recuso a chamar de história em quadrinhos educativa algo que é simplesmente uma cartilha desenhada, com um personagem explicando algo para outro do começo ao fim. Sempre me preocupo o máximo possível em ter uma história, com começo, meio e fim, mesmo que num certo momento tenha a parte puramente explicativa.
Em relação ao Sesinho, alguns temas eram mais difíceis de transformar numa HQ divertida e acessível ao público infantil. Por exemplo, para fazer uma edição sobre arquivologia fizemos uma história sobre a importância de se pesquisar corretamente e fugir da mania do "Ctrl+C/Ctrl+V", ou seja, copiar pronto da internet.
Mesmo assim, houve várias edições do Sesinho em que me senti muito à vontade para criar uma HQ infantil autoral, até com experimentação. Uma edição que destaco é "Sem Palavras", em que o Ruivo, o personagem menos estudioso da turma, deseja um mundo sem palavras. Ele tem balões de fala, mas não aparece nada escrito, e não consegue ler os balões dos outros, anota no caderno e não vê as palavras. Foi uma das edições mais experimentais e diferentes.


Como você começou a escrever o Sesinho?
Foi muito louco. Eu era jornalista e tava fazendo freelancer para um jornal de bairro, aí o editor do jornal me indicou uma vaga de revisor na Exa World de Florianópolis, e eu nem sabia que eles faziam o Sesinho. Entrei como revisor e acabei escrevendo roteiros e textos de quase 100 edições.

O Brasil é um país em que a profissão de roteirista é pouco valorizada. A que você atribui isso?
São várias coisas. Uma é que não formamos um verdadeiro mercado de indústria cultural, no qual o roteiro, a narrativa é a base de tudo. Mesmo os games mais populares chamam a atenção pela narrativa. Ainda não tratamos o roteirista como um profissional e sim como o "artista doidão" que precisa arrumar emprego público pra pagar as contas e fazer a arte nas horas vagas, sendo que o lazer, a cultura, o entretenimento estão entre as maiores indústrias do mundo hoje.
Veja os quadrinhos, é recente a profissionalização e a divisão de tarefas entre o roteirista e o desenhista. Geralmente o quadrinista era sempre o garoto que gostava muito de desenhar na escola, e porque não havia essa profissionalização e divisão ele por necessidade escrevia as próprias histórias. Em alguns casos, isso produziu autores geniais, em outros não. Mas é dos últimos anos para cá que estamos realmente juntando os talentos que se completam.
Somos um país que ainda sobrevaloriza a telenovela diária, um gênero que por natureza nunca primou muito pela qualidade de texto. Custamos para investir nos seriados, que são o melhor meio narrativo para televisão. No cinema, insistimos por muito tempo numa visão herdada do Cinema Novo de que roteiro com começo, meio e fim, estrutura narrativa era caretice de Hollywood, sendo que isso de fato vem desde a Grécia Antiga. Nada contra as narrativas mais alternativas, tem trabalhos geniais e eu mesmo "viajo" muito às vezes. Mas como roteirista eu na verdade acho um grande desafio trabalhar dentro de uma estrutura narrativa e ainda assim criar algo diferente e que fuja do convencional.


Como ser um bom roteirista? Que dica você daria para novos roteiristas?
Eu vou parecer maluco falando isso agora que vou dar aula de roteiro, mas não se pode realmente ensinar alguém a contar uma história. Quero dizer que não existem, em princípio, regras, não existe o certo e o errado. Tem milhões de maneiras de contar uma história, aliás é por isso que as contamos e nos surpreendemos com elas até hoje.
Mas existem certos princípios que eu, pessoalmente, acho fundamentais: primeiro, buscar escrever algo que você mesmo gostaria de ler ou ver, porque se já é difícil fazer os outros gostarem do seu trabalho, imagine se você mesmo não gostar, e esse é acima de tudo um trabalho de paixão; ler e observar de tudo, pois as ideias podem vir de qualquer lugar, aliás muitas das melhores ideias vêm da não-ficção, pois tendem a ser mais originais que algo que já é inspirado num filme ou em outra HQ; e escrever sempre, sem medo de errar, pois muitos autores cheios de potencial travam ou desistem pela insegurança e auto-crítica. Ter auto-crítica e ouvir as críticas construtivas é fundamental, mas o autor precisa dar a cara pra bater para evoluir na sua arte. E nisso é uma profissão como qualquer outra, quanto mais prática, melhor.

Quais os seus roteiristas prediletos?
Já citei os britânicos, acho impossível deixar de citar o Will Eisner, que foi o maior experimentador da narrativa de HQ em todos os tempos. Hoje tenho gostado muito do trabalho do Robert Kirkman. Um roteirista brasileiro cujo trabalho admiro cada vez mais é o Edgar Franco, um autor que tem uma visão de mundo única, dentro e fora dos quadrinhos.

Que quadrinhos você destacaria como seus prediletos de todos os tempos?
Vou citar alguns que me marcaram pessoalmente. "A Morte de Gwen Stacy" teve um impacto emocional enorme pra mim quando criança. "Chiclete Com Banana", como eu falei, foi o "desbunde", a descoberta do humor anárquico nos quadrinhos. "A Piada Mortal" foi a primeira HQ que li que me revelou como uma história em quadrinhos podia ser ao mesmo tempo adulta, ousada e sofisticada. "O Cavaleiro Das Trevas" por ter reinventado meu personagem favorito de todos os tempos. As graphic novels autorais que Neil Gaiman fez com Dave McKean, que eu li em inglês, "Casos Violentos", "Sinal E Ruído", "Mr. Punch" me marcaram pela combinação de qualidade literária, experimentação e beleza visual em HQs que não eram de super-herói, terror, fantasia nem sci-fi. Mais uma vez, é impossível deixar de citar Will Eisner e "The Spirit", uma explosão de criatividade e inovação como nunca se viu antes nem depois.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O valor de cada quadro na página

Em uma página de quadrinhos, os quadros podem ter valor narrativo diferente. Alguns merecem maior destaque, seja pela sua importância para a história, seja pelo seu valor dramático ou de ação. Ou seja: alguns quadros são apenas narrativos, outros devem provocar um impacto no leitor. Os quadros de impacto são maiores exatamente por serem mais importantes. O roteirista deve indicar, no roteiro, quando há um quadro de impacto na página.
A minissérie Watchmen é um ótimo exemplo de como utilizar esse recurso, sendo uma verdadeira aula.
Abaixo uma página em que todos quadros têm a mesma importância:
Já na página seguinte, o último quadro tem maior valor dramático. Todos os outros são apenas uma preparação para o impacto deste último, pois o destino do mundo está nas mãos de um idiota:
Watchmen usa um esquema fixo de 9 quadros por página, como se fossem blocos que pudessem ser separados ou unidos.
Para formatinho, o esquema de 6 quadros funciona muito bem e pode ser usado da mesma maneira, inclusive com quadros de impacto. Ótimo exemplo disso são as páginas de Júlias, as aventuras de uma criminóloga.
Na página abaixo, de simples diálogo, não há necessidade de qualquer impacto, então os quadros são iguais: 
Já na página abaixo, o último quadro é maior, de impacto, para destacar a violência do personagem:
Abaixo um exemplo do Monstro do Pântano, de Alan Moore, com um esquema de quadros mais solto, mas que igualmente usa o tamanho do quadro para dar impacto à cena:

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ricardo Manhães e Gian Danton participam de homenagem a Asterix

Versão em português da HQ que será publciada na Bélgica.
Os brasileiros Ricardo Manhães e Gian Danton estão participando de uma homenagem ao personagem Asterix, a convite do jornalista belga Lionel Flips, fundador do site Le Bourlingueur du net.
Asterix será o tema do 1º Concile à Bulles, um festival de quadrinhos que será realizado em Bruxelas, na Bélgica, nos dias 5 e 6 de abril deste  ano. O evento será realizado no MOOF –Museum of Original Figurines, que fica a poucos metros da praça central (Grand Place) da capital belga. Leia mais

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Turma da Tribo - resenha por Renato Medeiros

É um fato inegável que os quadrinhos brasileiros que possuam temáticas totalmente voltadas para a nossa cultura e "jeito" de ver o mundo é escassa, e quando existe pouco divulgada. Imagina saber que existe quadrinhos feitos aqui que são de ótima qualidade e muitas das vezes melhores do que os quadrinhos encontrados no mercado atual. Nesse sentido é com grata surpresa que li recentemente uma hq do grande Gian Dantons  (Pseudônimo de Ivan Carlos  Andrade de Oliveira) e do talentoso Ilustrador Ricardo Manhães chamada Turma da Tribo. Essa hq me fez sentir imensa satisfação com sua leitura, pois me fez lembrar com sua narrativa que mistura  humor e critica de forma inteligente que podemos produzir historias em quadrinhos sem necessariamente apelar para o senso comum. O impresso me surpreendeu em dois sentidos específicos, a saber Leia mais

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

O chamado da Quimera - roteiro Leonardo Melo



Pág. 01:

Q01: Um homem franzino está atravessando a porta de sua casa. O vemos de perfil, no canto direito do quadro, expressão de cansado. Ele veste terno e gravata e segura uma pasta executiva e uma sacola com a mão esquerda enquanto abre a porta com a mão direita. Neste quadro ainda não temos muita noção de como é o interior da casa. Este é Rodney Nash, nosso protagonista. Seus cabelos são curtos e castanhos.

Q02: Quadro um pouco mais amplo. Vemos Nash de costas. Ao fundo, sua mulher está lhe esperando, sentada no sofá. É uma mulher gorda e feia, cabelos em formato “abajur” e despenteados, a pele bastante enrugada e uma baita verruga no nariz. Ela está sentada no sofá com cara de poucos amigos:

MULHER: Trouxe o que eu pedi?
NASH: Oi, amor. Olha, na verdade, não tinha peru...

Q03: Fileira intermediária. Vemos Nash de frente, tirando um frango de dentro da sacola, com um sorriso cínico e temeroso no rosto. A mulher dele não aparece no quadro, mas vemos seu balão mesmo assim:

NASH: ...mas eu trouxe frango, serve?
MULHER: Meu Deus do céu, homem! Quantas vezes preciso dizer? Quando peço uma coisa, eu quero essa coisa! Se peço peru, eu quero peru, não frango!
MULHER: Será que você não presta nem pra isso?

Q04: Nash está fechando a porta, cabisbaixo. O vemos meio de frente, meio de lado. Ele largara a sacola e o frango em outro sofá. Ao fundo, sua mulher está se levantando, irada:

NASH: Mas, amor... não é época de peru...
MULHER: E peru tem época, decerto, seu infeliz? Peru não dá em árvore! Incompetente!

Q05: Seqüência de três quadros na fileira inferior. Nash está passando pela sala, pela frente de sua mulher, cabisbaixo. Sua mulher é vista de frente, parada. Ainda segue tagarelando:

MULHER: Eu estou sozinha mesmo! Tenho que fazer tudo, pensar em tudo, tudo sozinha!

Q06: Nash está entrando no quarto. O vemos de frente, dobrando para a nossa esquerda. Sua mulher vem atrás dele no corredor, aos fundos:

MULHER: Há anos eu repito a mesma coisa! E adianta alguma coisa? Claro que não, né? O senhor fica aí, com essa cara de cachorro abandonado! E nem me dá ouvidos!!!

Q07: Vemos a mulher dele de costas, já dentro do quarto. É uma suíte e ao fundo, vemos a porta do banheiro se fechando.

MULHER: Ei! Não ouse se trancar no banheiro enquanto eu falo com você, seu imprestável!!!



Pág. 02:

Q01: Nash dentro do banheiro, de perfil na frente do espelho. Com uma mão está apoiado na pia, com outra está esfregando os olhos, ainda a mesma expressão cabisbaixa.

NASH: Deus... como foi que eu me meti nessa?

Q02: Mesmo tamanho do quadro anterior, mesmo ângulo. Mas o vemos meio de costas, agora, já que ele está indo até o box, nos fundos, enquanto desata o nó da gravata, puxando-a para o lado.

Q03: Quadro pequeno mostrando apenas ele abrindo a torneira do chuveiro.

Q04: Quadro do mesmo tamanho do Q01 e do Q02, talvez um pouco menor. Mostramos apenas ele na banheira, relaxando.

Q05: Quadro estreito na lateral da página. Nash está de pijama e pantufas na cozinha, cara de sono. Ele está com a palma da mão aberta e estendida, como se segurasse algo. Com a outra mão, segura um copo d´água.

Q06: Três quadros pequenos agora, um abaixo do outro, ao lado do quadro estreito. Close em sua mão, de cima. Ele segura dois comprimidos do tipo “aspirina”.

Q07: Close nele, de perfil. Está colocando os remédios na boca.

Q08: Close nele, de perfil. Está tomando o copo d´água.

Q09: Quadros pequenos na fileira inferior. Está saindo da cozinha, apagando a luz.

Q10: Está na porta do quarto, olhando para a cama. A luz está apagada, sua mulher está dormindo já, de costas para ele e para nós.

Q11: Está deitando na cama e erguendo as cobertas para cobrir-se.

MULHER: Abaixa logo essas cobertas que tá frio!!!

Q12: Close nele, deitando a cabeça no travesseiro e fechando os olhos.


Pág. 03:

Q01: Repetição do quadro anterior, mas o close é ainda mais fechado, de forma que vemos apenas seu rosto, não fazendo idéia do cenário. Sabemos apenas que é dia, porque o quadro está mais iluminado.

NASH: Hmm... hm? Hm… amor…?

Q02: Repetição do quadro anterior.

NASH: Amor, desligue a tevê, sim?
NASH: E... se puder fechar as janelas... está um vento tão frio...

Q03: Repetição do quadro anterior.

NASH: Nossa... essa cama está tão dura...

Q04: Fileira intermediária. Uma pequena onda de água é jogada no rosto de Nash.

Q05: Ainda o vemos em close, mas ele começa a se levantar. Está de olhos fechados, limpando o rosto.

NASH: Ai, também não precisava jogar um balde de água na minha cara... eu já ia...

Q06: Nash finalmente abre os olhos. Expressão de espanto.

NASH: ...levantar?
NASH: Oh... Meu...


Pág. 04:

Q01: Quadro amplo, ocupa quase a página inteira, abrindo um panorama geral: Nash está numa jangada de madeira, no meio do oceano, vestindo farrapos. Não há o mínimo sinal de terra próximo a ele. O vemos de cima, um tanto afastado, para dar idéia da imensidão do oceano.

NASH: ...Deus!!!

Abaixo, o título: “O Chamado da Quimera”

E os créditos: “Leonardo Melo – Roteiro | Ângelo Ron – Arte” |
 
Q02: Fileira inferior. Close em Nash, apavorado.

NASH: Que... que diabos... como... não pode...

Q03: Ele fecha os olhos e leva as mãos aos cabelos, tentando se acalmar.

NASH: Rodney, se acalme. Isso é um sonho. Só pode ser. Feche seus olhos, se concentre. E acorde. Vamos.
NASH: Acorde!

Q04: No canto direito, temos a visão em primeiro plano do barco de piratas, com um deles na beirada e apontado para Nash, ao fundo, no canto esquerdo, com cara de surpresa. O pirata grita enquanto aponta para ele e olha para o interior do navio, provavelmente para seu capitão, com um sorriso cruel.

PIRATA: Homem ao mar!!!

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