domingo, 29 de setembro de 2019

Exemplo de roteiro: Big Numbers, de Alan Moore

Big Numbers foi uma série inacabada com roteiro de Alan Moore e desenhos de Bill Sienkiewicz. Foram produzidos três números, mas só dois publicados. O terceiro foi disponibilizado na internet por um fã, que conseguiu uma cópia xerox do material. 
O roteiro a seguir é parte da primeira página desse terceiro número. É um ótimo exemplo do formato chamado pelo próprio Moore de "à prova de desenhistas", em que o roteirista descreve tudo nos mínimos detalhes. Em tempo: gostaria de agradecer à tradução do amigo Alan Noronha, roteirista de quadrinhos e tradutor juramentado (o Whatsapp dele para trabalhos de tradução é 51 981415046 e você pode também entrar em contato através da página dele).

Confira o roteiro e veja como ficou o resultado final. 

BIG NUMBERS
Três (quarenta páginas)
PÁGINA 1
QUADRO 1
“APENAS NO PAPEL A HUMANIDADE CONSEGUIU ATINGIR GLÓRIA, BELEZA, VERDADE, CONHECIMENTO, VIRTUDE E AMOR DURADOURO.” - GEORGE BERNARD SHAW.

Olá, Bill. O tema visual recorrente que permeia esta edição é o do papel se ferrando. Considerando isso, não tenho muita certeza sobre a relevância da citação do Shaw acima...foi apenas o único verbete com a palavra papel no meu dicionário de citações. Talvez seu significado fique menos opaco ao progredirmos com a narrativa. Assim esperamos.

Esta primeira página tem 12 quadros, nos quais nós basicamente estamos olhando a irmã de Christine, Janice, que está sentada em sua cadeira junto à parede da ala lateral do hospital durante sua vigília da ainda não vista forma de seu namorado em coma Keith. Quero que você imagine que estamos olhando a Janice de frente, ela sentada contra a parede nos encarando, e que ela está lendo um formulário de pesquisa ilustrado e fartamente impresso. O formulário consiste em uma única folha, impressa em ambos os lados, na qual imagens simples e brilhantes de vida de consumidor rodeiam uma lista de perguntas que são brilhantemente numeradas. Conforme a Janice vai lendo, a parte de cima do formulário se virou para trás, de modo que fica visível de cabeça para baixo quando olhamos para ela. Agora, para este primeiro quadro, quero que você imagine que nós demos um zoom bem nessa parte virada do formulário de pesquisa. Mais precisamente, demos um zoom na coluna dos grandes números anelados que marcam as perguntas, embora estejamos tão perto deles que não podemos ver as perguntas. Tudo o que vemos são dois ou três grandes números de cabeça pra baixo, provavelmente números entre um e quatro, já que estão relacionados às perguntas bem no início da enquete. Esses dígitos invertidos preenchem todo o primeiro quadro, levando-nos à questão do campo de números que preenche a página frontal interior. O balão de fala da Janice sai do quadro acima.

Janice (em off, acima): ...dei dois formulários extra pra mamãe, mas a Chris estava choramingando sobre o romance dela, então ela não queria FAZER aqui.

QUADRO 2
Agora nos afastamos um pouco do close intenso nos números virados. Nesta tomada, podemos ver as perguntas (também de cabeça para baixo) que estão anexadas aos números anelados, sendo elas coisas simples como nome, endereço, você é o dono da propriedade acima, etc, que não precisam ser legíveis aqui a menos que você queira que elas sejam. Também podemos ver agora, nos afastando, que estávamos olhando a parte de cima virada de um formulário de pesquisa, e podemos talvez vislumbrar um pouco da mão da Janice...o dedão ou algo assim...entrando no quadro de fora para um lado enquanto ela segura o pedaço de papel. Os balões dela ainda entram no quadro na parte de cima da imagem.

Janice (em off, acima): Então, este formulário extra, eu pensei “Oh, o Keith gostaria disso. Eu vou...”  
Janice (em off, acima): Keith? Está me ouvindo?

QUADRO 3
Afaste um pouco mais e podemos ver agora toda a folha com o verso virado e um pouco de Janice sentada logo após, segurando-a frente a si enquanto lê para Keith, que não aparece no quadro. Ela está provavelmente sentada com uma capa de chuva, e se podemos ver algo de seu rosto entrando no quadro pela parte de cima, deve ser a parte inferior do rosto, com os olhos ainda não visíveis.
Janice (de cima): Bom.
Janice (de cima): Bem, de qualquer modo, tem a ver com um shopping center novo e eu já preenchi as quatro primeiras...

QUADRO 4
Ok, neste quadro nos afastamos só um pouco mais e agora temos uma confortável tomada de meia figura de cabeça e ombros da Janice sentada de frente pra nós em sua cadeira de hospital, segurando o formulário de pesquisa em frente dela, seus olhos abaixados em direção a ele enquanto lê. Sua expressão, como de costume, é razoavelmente neutra. Também, baseados em seu ambiente imediato, não temos muita ideia de onde ela está, como nas ocasiões anteriores em que a vimos sentada com Keith no hospital.  Keith, como sempre, está fora do quadro, em algum lugar ao fundo. É quase como se olhássemos para Janice através dos olhos comatosos dele, embora só vamos perceber isso mais tarde nesta edição.
Janice: “Nome: Keith Peach
                Endereço: Hospital
                Você é dono da propriedade acima? Não.
                Emprego ou ocupação: encanador”

QUADRO 5
Ok, agora no resto desta página de doze quadros mantemos a mesma tomada da Janice, só sentada lá de frente pra nós em uma tomada de meia figura de cabeça e ombros. Apenas Janice se move nesta página, e apenas levemente. Aqui, ela ainda não está olhando para nós, mas ainda tem os olhos baixos fixos no formulário. Aqui, ela tem uma leve expressão de inquietação como se estivesse levemente perplexa com a elaboração da próxima pergunta.
Janice: Aí diz “Você está atualmente trabalhando no emprego acima?”
                       Quer dizer, “Você ainda trabalha como encanador?”

QUADRO 6
Mesma tomada. Aqui, porém Janice desvia o olhar do formulário e dirige um olhar frio e questionador diretamente para nós, nos olhando diretamente nos olhos. Oh, por falar nisso, eu deveria ter mencionado que a Janice está segurando uma caneta esferográfica na outra mão. Desculpe por isso. Aqui, a caneta está pausada sobre o formulário enquanto a Janice dirige seu olhar questionador ao Keith que está fora do quadro antes de continuar.
Sem diálogo.

 

Roteiro de quadrinhos: como registar

Toda semana alguém entra em contato perguntando como registrar roteiro de quadrinhos. Cansado de responder individualmente, resolvi fazer um post sobre o assunto.
O registro é feito na Biblioteca Nacional. Clique aqui para uma página da Biblioteca com perguntas e respostas sobre esse processo de registro.
O registro não assegura direito sobre a ideia, mas apenas a forma. Ou seja: o registro não garante que alguém não vá escrever algo semelhante, mas assegura contra plágios descarados, aquele indivíduo que pega seu texto e publica como sendo dele. O registro não é garantia contra textos requentados ou modificados.
O registro é pago e os originais devem ser enviados pelo correio, embora seja possível baixar a ficha de inscrição no site da Biblioteca Nacional.
O valor normal do registro é R$ 20,00. Mais o Sedex, deve ficar tudo numa média de 50 reais.
Aí também é preciso ponderar se vale a pena registrar. Tem gente que me procura perguntando como registrar um roteiro de duas páginas. Ora, as editoras que pagam melhor, pagam 15 reais a página de roteiro. Nesse caso, você vai gastar mais para registrar do que irá possivelmente receber pela obra. Isso se receber, claro. Eu já levei calotes Homéricos - uma editora portuguesa me encomedou cinco histórias de 12 páginas. No final, não pubicou nem pagou nada e ainda fizeram a proposta indecorosa de me ceder a horrível logo criada pelo artista deles para a minha personagem como forma de pagamento.
Também é importante lembrar que a maioria das editoras prefere não pagar os roteiristas, mas pegar projetos prontos e pagar direitos autorais após as vendas. Se vender bem, você pode ganhar alguma grana. Um amigo meu que publicou um álbum por uma editora grande só recebeu alguns exemplares como pagamento. A mesma coisa aconteceu com o meu álbum War, histórias de guerra. O pagamento foram alguns exemplares.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Roteiro de quadrinhos: suspensão de descrença

Em uma história em quadrinhos, tudo é possível. Tudo mesmo. O Super-homem pode voar, ter visão de raio-x, o Hulk pode sacudir o asfalto, como se fosse um tapete, o Homem-aranha pode escalar paredes... isso para ficarmos apenas nas histórias de super-heróis. Se formos ampliar para gêneros como a ficção-científica, teremos viagens espaciais em poucos segundos, alienígenas que falam inglês... os exemplos são muitos. 
A verdade é que o leitor pode acreditar em qualquer coisa que o roteirista escrever, mas para isso é necessário criar um pacto de verossimilhança, é necessário convencê-lo a acreditar e a entrar com sócio dessa história que contamos e que se passa todinha dentro da mente dele. 
Há muitas maneiras de estabelecer esse pacto e convencer o leitor sobre a verossimilhança da história, por mais impossível que ela possa parecer.
Os criadores do Super-homem adotaram uma visão rasa da ciência ao argumentar que, se uma formiga podia carregar várias vezes o seu peso, uma pessoa também poderia fazê-lo se viesse de outro planeta. A primeira página, da primeira história do personagem fala justamente disso. Os leitores engoliram a pílula e acreditaram que, sim, aquele homem com cuecas sobre as calças e usando uma capa vermelha podia ter super-força e dar saltos enormes. Daí para acreditarem que ele voava foi um passo. Daí para acreditarem que ele tinha visão de raio-x foi fácil. Depois que o leitor engole a pílula, ele entra na história e aceita todas as regras ditadas pelo roteirista, desde que este não seja incompetente a ponto de entrar em contradição. Se, de uma hora para outra, o Super-homem se tornasse incapaz de voar sem nenhuma explicação plausível, o encanto se quebraria e o leitor deixaria de acreditar.
Existem outras formas de criar esse pacto de verossimilhança. 
Uma delas é colocar na trama um personagem que não acredita na parte fantástica da história. Mas é um personagem louco, sem noção ou simplesmente chato. Ao antipatizar com ele ou ver que ele tem uma visão equivocada da realidade, o leitor, por tabela, acredita em tudo aquilo que ele está dizendo que é impossível. 
Em um episódio do seriado Além da Imaginação chamado O Marciano, policiais entram em uma lanchonete de beira de estrada procurando o ocupante de uma nave extraterrestre que desceu nas redondezas. Há ganchos que ajudam o receptor a acreditar que o fantástico é real, como o fato de todas as pessoas na lanchonete serem de um ônibus, e, segundo a contagem do motorista há uma pessoa a mais. Mas o que faz realmente as pessoas acreditarem é um chato meio maluco que o tempo todo ridiculariza a busca dos policiais. Ele é tão irritante que não há como não discordar dele. Portanto, logo acreditamos que uma das pessoas ali é, de fato, um marciano. A propósito, que assistir ao episódio (disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=b3Bk_HuMOEM) perceberá os vários ganchos que serão amarrados no final da história. Apesar de surpreendente, o final é perfeitamente perceptível para quem prestar atenção a detalhes como olhares dos personagens, etc.
Uma outra forma de criar essa ilusão de realidade é colocar um protagonista com o qual a pessoa se identifique e é que é descrente, mas que vai acreditando aos poucos. Como o leitor tende a se identificar com o protagonista, se ele começar a acreditar, o leitor também acreditará. 

No filme 1408, de Mikael Hafström, baseado em um conto de Stephen King, um escritor vive de visitar locais assombrados e escrever sobre suas experiências. Ele nunca viu um local realmente assombrado, assim ele não acredita quando o gerente do hotel lhe diz que coisas realmente terríveis acontecem no quarto 1408. Assim como ele, nós também não acreditamos. Mas quando pequenas coisas inexplicáveis começam a acontecer, o ceticismo dele passa a ser abalado. Quando ele entra em desespero, ao perceber que está de fato em um quarto assombrado, nós entramos em desespero com ele. Afinal, nesse ponto nós já compramos a história e acreditaremos em tudo que vemos.
Eu usei um recurso desse tipo na graphic Manticore. O detetive, protagonista da primeira parte, é um homem que diz não acreditar em papai Noel ou coelhinhos da páscoa. Portanto, ele não acredita que uma criatura extraterrestre está andando solta por aí. Com o tempo, ele começa a ter provas em contrário e passa realmente a acreditar. E o leitor junto com ele.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

PassaVida

Os PassaVida e o uso da personificação






Uma verdadeira preciosidade para quem gosta de música amapaense é o livro Então, foi assim?,de Ruy Godinho. Na obra o autor conta o processo de criação de algumas das
principais musicais tucujus, entre elas Os passa vida, de Osmar Júnior e
Rambolde Campos, em minha opinião a mais poética de todas, um belo exemplo de
como usar vários recursos poéticos, em especial a personificação, em uma música.
 
Para começar, ao contrário do que muitos imaginam, a música não é sobre Belém, embora tenha ficado famosa na versão da banda Sayonara.
Segundo o livro, a composição surgiu num momento de depressão do poeta Osmar Júnior, após o fim de um relacionamento. O amigo Rambolde Campos foi visitá-lo e, vendo-o daquele jeito, convidou-o para darem uma volta de carro. Iam andando à toa e Osmar Júnior apontando para as mangueiras e comentando o quanto elas eram bonitas.
Daí os versos “Quando o sol chegou, acendendo o dia, foi pra me socorrer da noite que eu vinha”.
Aliás, quando foi gravada em Belém por Alcyr Araújo este mudou a letra para
“Quando o sol chegou, iluminando dia”, um versão bem menos força poética e
simbólica.  
Uma outra mudança ocorreu no trecho: “É que nessa cidade, as mangueiras falam sempre em ti. No passo da chuva nos passa a vida, é sempre assim”, Na gravação paraense ficou É que nessa cidade, as mangueiras falam sempre em ti. Na chuva da tarde os passa
a vida, é sempre assim” para deixar a música mais com a cara de Belém. A
mudança, no entanto, fez com que a composição perdesse força, pois perdeu-se a
aliteração (Nos passos... passa vida) e simbologia.
Uma das partes mais lindas da letra, no entanto, foi preservada integralmente: “Mandei a saudade te buscar pra perto de mim”.
Para que não conhece, a personificação é uma figura de linguagem na qual se atribui características humanas a objetos, coisas. É o uso dessa figura que faz Os passa vida ser tão bonita. É o sol que acende o dia e tira o poeta da depressão da noite, são as
mangueiras da cidade que falam da amada, é a saudade que vai buscar a amada de
volta para o poeta.

Viu como a música ganhou força poética com o uso desse recurso. Nada impede que a personificação possa ser usada no texto de uma história em quadrinhos. 

A verossimilhança e a caracterização visual


Eu já expliquei aqui que história em quadrinhos de ficção não é documentário. Ou seja: uma HQ não precisa ser realista, ela apenas precisa convencer o leitor de sua realidade. Isso passa muito pela caracterização visual dos personagens. Por exemplo, os cientistas não costumam ser carecas, os malvados não costumam ser feios. Mas um bom desenhista recorre a essa generalização para que o leitor identifique, logo de cara, a função ou a personalidade dos personagens.




Basta olhar para Ming e Flash Gordon e perceber quem é o vilão e quem é o herói.
Marcos Rey, um dos grandes roteiristas brasileiros de cinema e TV lembra a figura de Sherlock Holmes, cuja caracterização, com cachimbo, lente de aumento e sobretudo xadrez, o identifica imediatamente.


Claro que hoje as HQs hoje não trabalham tanto com clichês, mas mesmo assim, desenhistas e roteiristas utilizam objetos, roupas e até expressões ou gestos para caracterizar os personagens, já que os quadrinhos são uma mídia visual.
Nos primeiros capítulos da webcomics Exploradores do Desconhecido tínhamos um personagem que aparecia em poucos quadrinhos. Ele era um político avesso à tecnologia, que é contrário à Operação Salto Quântico e que acaba sendo convencido pelo Capitão a apoiar o projeto. No meu roteiro, coloquei que ele era alguém antiquado, temeroso de avanços tecnológicos. Na hora de ilustrar a sequência, o desenhsita Jean Okada decidiu colocá-lo de óculos. Toda a caracterização psicológica do personagem ficou explícita sem que precisassemos usar uma palavra. Bastava bater o olho e o leitor percebia que aquele político era contrário às inovações (até porque seu óculos era do tipo antigo).

Quando divulgava a série no Orkut, ainda no ano de 2008, encontrei um suposto crítico de quadrinhos que implicou com o político de óculos e com o fato dos Exploradores não usarem toquinha. De fato, nas missões na NASA os astronautas usam uma toquinha e, por conta disso, esse suposto crítico achava que também os Exploradores deveriam usar toquinha.

- Mas em Jornada nas Estrelas eles não usam toquinha. - argumentei.
- Jornada nas estrelas é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas em Guerra nas Estrelas eles não usam toquinha. - retruquei.
- Jornada nas estrelas é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas no filme Contato, baseado na obra do cientista Carl Sagan, eles não usam toquinha. - expliquei.
- Contato é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas em Esquadrão Atari eles não usam toquinha. - lembrei.
- Esquadrão Atari é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha! 

Como o palavrão é o argumento dos que estão errados, ele saiu batendo o pezinho e prometendo que ia mostrar como se fazia:
- Vou escrever um livro em que os astronautas usam touquinha e que os políticos não usam óculos. Vai ser um sucesso porque todo mundo quer ler histórias com astronautas de toquinha!


Pois é... dizem até que ele escreveu tal livro com o astronauta de toquinha... quanto ao sucesso... 
A grande lição é: história em quadrinho não é documentário. Embora os astronautas da NASA usem toquinhas durante as missões, a maioria das pessoas pensa neles sem a tal toquinha pela simples razão de que, normalmente, quando aparecem em público, estão sem toquinha.
Assim, para o leitor normal, um astronauta de toquinha é menos verossímil que um astronauta sem toquinha. E nos quadrinhos a verossilhança é mais importante do que o realismo.

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