terça-feira, 17 de maio de 2022

Livro Jornalismo em Quadrinhos

 

Em Jornalismo em Quadrinhos, Gian Danton não apenas traça um histórico dessa área, mas também analisa as principais obras publicadas no Brasil e no mundo. Além do conteúdo servir como uma generosa introdução ao tema, o autor ainda traz os bastidores de diversas produções de Jornalismo em Quadrinhos feitas por ele mesmo.

Valor: 25 reais (frete incluso)

Pedidos: profivancarlo@gmail.com 

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Congresso discutirá quadrinhos e cultura pop


 

Acontece, de 24 a 25 de junho, na Universidade Federal do Amapá, o IV Aspas Norte. O evento, que tem como tema “Cultura pop e quadrinhos”,  será híbrido, com atividades presenciais e online.

O Aspas Norte surgiu em 2018 com o objetivo de estimular a pesquisa sobre quadrinhos e cultura pop na região Amazônica. Ele nasceu da percepção de que muitas pessoas faziam pesquisas na área, mas não tinham condições de se apresentar nos congressos nacionais focados nesses temas – como, por exemplo, os que são anualmente realizados pela ASPAS (Associação de pesquisadores em arte sequencial).

Realizado na cidade de Macapá em 2018 e 2019, o evento contou com apresentações de trabalhos, palestras e oficinas. Os artigos produzidos pelos apresentadores foram reunidos em dois livros, um sobre Linguagem dos quadrinhos e outro sobre Cultura Pop. Em 2020, em decorrência da pandemia, o evento aconteceu de forma totalmente remota.

Para apresentar trabalhos no IV Aspas Norte é necessário produzir apenas um resumo e se inscrever no link https://www.even3.com.br/aspasnorte2022 até o dia 5 de junho. Os trabalhos podem ser sobre quadrinhos ou cultura pop em geral. O edital com todas as informações sobre as apresentações de trabalhos encontra-se no blog do evento: https://aspasnorte.wordpress.com.

Para o público geral as inscrições vão até o dia 20 de junho. O valor, tanto para quem vai apresentar trabalho quanto para ouvintes, é de 10 reais.

Além das apresentações de trabalhos, o Aspas Norte contará com palestras com especialistas na área e oficinas. Também haverá feira geek e lançamento de livros.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Livro O roteiro nas histórias em quadrinhos - pré-venda

 

Pré venda da segunda edição revisada do meu livro O roteiro nas histórias em quadrinhos. 16 reais já com frete impresso sem registro. Preço válido apenas para o mês de fevereiro (a partir de março o valor será de 25 reais). Pedidos: profivancarlo@gmail.co

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O Texto como caracterização dos personagens

 

Os diálogos ajudam a caracterizar os personagens. 

Antes de escrever seja um texto sobre ou uma fala de um personagem, é importante entender quem é ele. O diálogo do personagem é reflexo de sua personalidade, de sua história de vida, do ambiente em que foi criado. Dois exemplos extremos: o Hulk e o Thor têm falas completamente diferentes. A maneira como cada um se expressa nos diz muito sobre eles.

Antes de escrever para o personagem, é importante pensar quem é ele, quais são suas motivações, qual a sua história de vida, quantos anos ele tem, qual a sua profissão, se ele tem algum medo, se tem uma  história de vida que poderia ser lembrada nesse momento, se ele tem família, o que ele está sentindo ou pensando. 

Quanto mais detalhes tiver sobre o personagem, melhor conseguirá caracterizá-lo através da fala ou do texto. Mesmo para personagens secundários o ideal é ter uma noção de sua personalidade e sua história de vida. Algo inclusive que se pode fazer é colocar ganchos sobre esse histórico nos diálogos.

A série Exploradores do Desconhecido, com roteiro meu e arte de Jean Okada mostra exploradores espaciais, cada um com um poder ou habilidade especial, que acabam indo parar em outra realidade através de um salto quântico. Os personagens não são apresentados como detentores dessas habilidades. Elas são indicadas aos leitores através de pequenos ganchos nos diálogos, pequenos detalhes que irão contribuir para que o leitor, posteriormente aceite os poderes. Ou seja: os diálogos também pode ser elementos importantes no pacto de verossimilhança que se estabelece com o leitor.

Exploradores do Desconhecido: Os diálogos dão pistas sobre as características dos personagens.

Sobre o diálogo como característica da personalidade do personagem, observe esse diálogo do Rei na série a queda de Matt Murdock:

Faça o iate voltar a nova York. Localize todos que tocaram neste envelope... Ou que falaram com quem tocou... e aguarde a ordem para matar.

O texto é todo no imperativo, representando alguém que está acostumado a dar ordens e que não admite contestação. A fala também revela alguém objetivo, prático.

Os diálogos demonstram a nobreza do Surfista Prateado. 


Em contraste, observe esse diálogo do Surfista Prateado, na graphic novel Parábola, com roteiro de Stan Lee e arte de Moebius:

Se desistirmos da luta só porque as chances de vitória são pequenas, onde fica o nosso valor? Que nossa motivação seja sempre o que nos leva em frente, e não as chances de sucesso.

Essa fala nos revela um personagem filosófico, poético, mais preocupado com ideais do que com a praticidade da vida.

Veja agora a fala do Monstro do Pântano na fase escrita por Alan Moore:

Não, Arcane. Esta é a nossa primeira batalha... você e eu... nunca nos encontramos... e também nossa última. Você reclama... o planeta para si... Arcane. Mas sem ter... um décimo do poder da terra.

A primeira coisa que chama atenção são as reticências. Elas dão a ideia de alguém que fala de maneira arrastada,  como de fato falaria uma planta tentando se comunicar como humano. Apesar disso, o diálogo demonstra grande auto-confiança. Vale lembrar que nessa fase do personagem ele está descobrindo poderes que não sabia ter, como a capacidade de regenerar o próprio corpo e esse empoderamento do personagem se reflete em sua fala.

Monstro do Pântano: uma planta tentando falar como um humano. 


Aliás, uma forma ideal de escrever diálogos de um personagem é se imaginar sendo ele. Alan Moore conta que andava pela casa como um corcunda quando estava escrevendo as falas de Etrigan no Monstro do Pântano. O resultado foi isso:

A graciosa dama e seu monstro coberto de raízes chegaram para salvar os inocentes de tal crime e do medonho banquete macacal poupar os petizes. Que alma nobre a deles! Que arrojo sublime! E mirem as crianças, com tanto alarido, acordam seus guardiões, raça tão dedicada! Embora ele traia a esposa, e ela o marido, ambos só querem tirar a criança da enrascada.

O diálogo é escrito de forma a mostrar que se trata de alguém diverso dos seres humanos comuns (Etrigan faz parte do grupo de demônio rimadores) e extremamente cínico.

Os vilões, aliás, funcionam melhor quando são bem caracterizados. Ao criar o principal vilão do Capitão Gralha, o Doutor Destruição, imaginei-o como alguém muito letrado, mas enlouquecido. Mas o Doutor não o tipo vilão maluco, desvairado. Ao contrário, é alguém que a todo momento procura mostrar seu refinamento (ele é filho de uma família aristocrática). Devido a um trauma de infância, ele é fascinado pela letra D. Tudo isso se reflete nas falas do personagem:

Débil demagogo, seus desejos defenestraram!  Destruirei Curitiba e depois o mundo. E você descansará desolado a dez palmos sem poder desbaratar meus planos descontrolados!

A bíblia do roteiro de quadrinhos


 

Há algum tempo, os roteiristas Alexandre Lobão e Leonardo Santana me convidaram para escrever a seis mãos um livro sobre roteiro para quadrinhos.

Na época eu não poderia imaginar a proporção que isso iria ganhar. O projeto foi aumentando, aumentando, até se transformar no que é, provavelmente, o mais completo livro sobre roteiro já publicado no Brasil.
A obra tem praticamente tudo que um roteirista precisaria saber para escrever boas histórias para qualquer mídia.
Alguns assuntos foram tratados no Brasil apenas nesse livro. Já outros assuntos é a primeira vez que são tratados num livro de roteiro provavelmente no mundo, como a verossimilhança hiper-real.
É uma obra de peso (340 páginas!), tanto que decidimos chamar de A bíblia do roteirio de quadrinhos. Essa obra teve seu lançamento oficial em Curitiba sexta-feira passada e já está vendida no site da editora.
Quem quiser comprar comigo, o valor é 60 reais (frete incluso). Pedidos: profivancarlo@gmail.com

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Confira o processo de produção da primeira história do Cabano

 Cabano é um personagem  surgido no meu livro Cabanagem. Este ano, o herói ganhou sua versão em quadrinhos desenhado pelo grande Juliano Kaapora e publicado na revista Mestres do Terror (pedidos podem ser feitos pelo e-mail revistacalafrio@gmail.com). Na primeira história ele enfrenta a Cobra Grande. Em histórias futuras ele encontrará com diversos outros seres da floresta, entre eles o Curupira, a Matinta, o Mapinguari, entre outros. 

Confira abaixo como foi o processo de produção de uma página da HQ. 


O roteiro 

O roteiro descreve as cenas para o desenhista e apresenta os diálogos e textos. É o primeiro passo da produção de uma história em quadrinhos. Aqui pegamos o roteiro da página 4.  


Página 4

Q1 – O cabano fugindo, mas vemos ao fundo duas luzes, como se fossem dois faróis, mas são os olhos da cobra grande.

Texto: Seus pés tocam rápido a terra escavada há milênios enquanto o pesadelo vivo o persegue implacavelmente.

Texto: Embora não o veja, o cabano sabe que ele está ali, aproximando-se rapidamente.

Q2 – O cabano atirando. Minha ideia é mostrar ele de frente, como se o leitor estivesse na frente dele.

Texto: Ele se vira e atira.

Q3 – O cabano correndo pelos túneis.

Texto: Ele sabe que o tiro não irá matar a criatura. Talvez ela nem mesmo possa ser morta. Talvez seja mais velha que o tempo. Mas talvez lhe dê alguns segundos preciosos.

Q4 – O cabano fugindo e, na frente dele uma luz, como se fosse uma saída do túnel para o ar livre.

Texto: Luz. Há uma saída. Ele apressa o passo, o ar queimando em seus pulmões, rezando para que ainda haja tempo.  Ele pode ouvir o arrastar demoníaco da serpente cada vez mais próximo.


O rafe 

O rafe é um esboço do desenho. Serve como guia para a produção da história. Nesse caso, o rafe foi enviado para mim e eu e o desenhista discutimos mudanças. 


A página finalizada 

Aqui temos a página já com arte-final. Observe que o rafe foi seguido, exceto no terceiro quadro. A ideia de fazer a cobra se enrolando no quadro e vermos o Cabano através dela deu mais dinamismo e grandiosidade para a cena. 


domingo, 30 de maio de 2021

Omac – o exército de um homem só



Em 1974, Jack Kirby estava na DC Comics e tinha assinado um contrato que o obrigava a fazer 15 páginas de quadrinhos, escritas, desenhadas e editadas por semana. Um número absolutamente bizarro se considerarmos que a maioria dos desenhistas de quadrinhos faz 22 páginas por mês.

Mas outras revistas que ele estava fazendo, como Etrigan, o demônio, tinham sido descontinuadas em decorrência das baixas vendas. O único personagem que vendia relativamente bem era Kamandi, que se passava num futuro distópico. Assim, os executivos da DC pediram que Kirby pensasse num herói futurista para completar a cota de 15 páginas semanais.

O resultado foi, provavelmente, o melhor trabalho de Kirby para a DC e, provavelmente, um dos melhores quadrinhos já feitos pelo rei.

O quadrinho chamava-se Omac e se passava num futuro distópico. Omac é um operativo de paz que combate ditadores e criminosos.

As situações imaginadas por Kirby mostram o quanto ele era visionário e absolutamente criativo.

O mundo de Omac é um local em que ricos podem conseguir tudo, de alugar uma cidade para dar uma festa (e durante a festa tudo que está dentro da cidade pode ser usado por eles) a comprar corpos jovens para transferir suas consciências.



A primeira história é incrivelmente visionária. Kirby imaginou uma empresa que fabrica “amigas”, bonecas hiper-realistas para consolar pessoas sozinhas (em outras palavras: bonecas sexuais). A situação gira em torno de pessoas dessa empresa que colocam bombas nessas bonecas afim de cometer assassinatos. Hoje em dia bonecas hiper-realistas são uma realidade e podem ser compradas em sites por valores que variam de 2 a 5 mil reais! As mais avançadas já contam até mesmo com inteligência artificial. Se considerarmos que Kirby fez essa história em meados da década de 70, é incrível o quanto ele conseguia antecipar o futuro.  

Kirby imagina a importância que a água teria no futuro e inventa um vilão que manipula átomos para roubar rios e lagos inteiros.

E, quem diria, Kirby, que lutou na segunda Guerra Mundial, é implacável com figuras de autoridades, em especial as militares. Um dos personagens, assistente de um vilão, é o Major Capacho.



Omac é, provavelmente, o melhor exemplo da mente genial e visionária de Jack Kirby, o homem, que, nas palavras de Alan Moore, era capaz de criar um universo antes do café da manhã.

Pena que a capacidade de Kirby com a escrita não acompanhasse toda essa genialidade. Os diálogos são tão impessoais e sem sabor que muitas vezes um personagem completa a fala do outro. Mas a genialidade das histórias aqui é tão grande que esse defeito passa quase batido.

É surpreendente que esse material estivesse inédito no Brasil até este ano de 2021, quando a Panini publicou as histórias num volume de Lendas do Universo DC.

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