sábado, 7 de março de 2009

Sexto sentido e as elipses


Assisti Sexto Sentido, que comprei da coleção da Veja.
Como todo bom filme, a cada vez que assisto Sexto Sentido, encontro algo novo. Na primeira vez, claro, o que mais chamou a atenção foi o final surpresa, mas dessa vez o que mais me chamou a atenção foi a estrutura do roteiro, em especial o uso das elipses. A elipse é uma figura de estilo que consiste em suprimir uma palavra ou parte de uma frase. Por exemplo:
Daniel gosta de laranja, Kiara, de maçã.
Esse recurso é muito usado nos quadrinhos. Entre um quadro e outro, há uma elipse, um corte nas ações. Uma pessoa se aproxima da porta. No quadro seguinte, ela está saindo de casa. Os atos de pegar na maçaneta, girá-la e abrir a porta, fica subentendido. É uma elipse.
A forma como Shyamalan trabalha com elipses é genial, talvez a melhor características de seu estilo. Em sexto sentido, por exemplo, vemos Bruce Willis sendo baleado e a narrativa pula no tempo. Só no final do filme essa elipse é preenchida.
Quando o pequeno Cole pergunta à menina fantasma se ela quer dizer alguma coisa, temos mais uma elipse genial. A narrativa pula para o momento em que o garoto está chegando no velório da garota, onde encontrará a fita que revelará que a mãe a envenava. A conversa fica subentendida.
Essas elipses, além de estimularem a imaginação e a reflexão do leitor, tiram a narrativa do lugar comum, fugindo do óbvio.
Outra elipse que vai ter grande importância na história acontece em A Vila, do mesmo diretor. O pai da garota cega começa a lhe contar a verdade sobre o monstro que aterroriza o local e a narrativa salta para quando ela está na floresta, indo buscar remédio para o seu amado. Só muito depois descobrimos a verdade.
Bom roteirista é bom roteirista...

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