sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Roteiro Baghavad

Baghavad
Roteiro de Gian Danton
Página 1
Q1 - Os quatro narradores sentados à mesa. O narrador desta história será o único que até o momento não teve história. Vamos chamá-lo de Roger.
Roger: Eu também tenho uma história. Vocês sabem que já trabalhei para a Companhia no setor de mineração. Não, eu não era um mineiro. Nós éramos encarregados da limpeza dos países que estava sendo explorados.
Q2 – Close em Roger.
Roger: Essa limpeza muitas vezes significa a extinção de espécies indesejadas. Os Zhorts eram um exemplo disso.
Q3 – Um grupo de homens equipados com uma espécie de bomba de veneno e um esguicho de desinfetante, jogando o desinfetante sobre uma espécie de monstro parecido com uma bactéria ou uma ameba.
Texto: Eram seres monstruosos que habitavam um planeta sem nome catalogado apenas como Y-17.
Q4 – Variação da cena anterior.
Texto: Alguns ativistas chegaram a fazer protestos contra  a desinfecção dos monstros. Mas para a opinião pública, eles eram apenas pragas. Eram como vírus, que deviam ser desinfetados.

Página 2
Q1 – Close de Roger.
Roger: Uma medida sanitária. Era o que eu achava. Ate aquele dia.
Página 2
Q2 – Um grupo de exterminadores persegue dois ou três monstros.
Texto: Havíamos encontrado um pequeno grupo de zhorts e os seguimos até o grupo maior.
Q3 – Quadro grande, de impacto. Os soldados chegam a uma espécie de clareira. Há vários monstros em volta de um garoto vestido como mendigo. O garoto está sobre uma espécie de pedra, sentado em posição de Buda. Os monstros se inclinam respeitosamente na direção dele.
Texto: O que encontramos foi algo extraordinário.
Eles estavam em círculo, ao redor de um garoto humano.
Q4 – quadro de flash back. O garoto da cena anterior pedindo esmola numa cidade improvisada.
Texto: Eu conhecia aquele pivete.
Era uma das muitas crianças que vagavam pelas ruas do acampamento, pedindo comida ou dinheiro.
Q5 – close de Roger. Ele parece assustado, olhando para o garoto. Se não der para mostrar o garoto, mostre apenas a reação dele.
Texto: Era o mesmo garoto, mas havia algo de muito, muito estranho com ele. 

Para ler essa HQ completa, já desenhada, clique aqui

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Como aprendi a escrever quadrinhos com Roberto Carlos

Um verdadeiro roteirista de quadrinhos deve estar atento a tudo, pois nunca sabe de onde pode vir uma boa ideia, uma informação importante ou uma técnica interessante. Alan Moore, por exemplo, diz que aprendeu algumas das técnicas narrativas mais interessantes lendo Gabriel Garcia Marques. 
Na verdade, podemos aprender algo até ouvindo uma música do Roberto Carlos. A música conta a história de um homem que vai para o trabalho, mas, apaixonado, não consegue deixar de pensar na mulher, de modo que conta os segundos para o reencontro. 
O interessante é que a música uma estrutura chamada de narrativa paralela, em que acompanhamos dois personagens e suas ações ao mesmo tempo. É uma técnica usada, por exemplo, por Frank Miller, em Batam Ano 1 em que acompanhamos, em paralelo, Bruce Wayne e o Comissário Gordon e suas respectivas chegadas em Gothan City. 
Essa mesma técnica é usada por Stephen King no livro A incendiária: enquanto a menina e seu pai foge, acompanhamos, quase simultaneamente, os seus perseguidores. 
Reparem como a narrativa começa com o homem acordando, indo para o trabalho, e pula para o cotidiano da mulher, que acorda, busca por ele na cama e depois vai tomar banho. A letra continua acompanhando o casal durante o dia, até o reencontro, no final. Mais uma lição: as narrativas paralelas devem se encontrar em algum ponto da trama, normalmente no final.

Vale lembrar também que o texto nos quadrinhos tem características semelhantes à letra de uma música narrativa baseada na concição e objetividade. As elipses, características dos quadrinhos, aparecem também na música de Roberto Carlos. Observem, por exemplo, a sequência inicial: o relógio desperta e na sequência seguinte o homem já está pronto para sair. Na cena seguinte, ele já está no ônibus. Lembra, e muito, a cena de A queda de Matt Murdock em que O Demolidor está na pensão e pensa em sair para se vingar do Rei.
Coloco abaixo a letra da música, com a indicação das narrativas. 



Narrativa 1
E o relógio há pouco despertou
Da porta do quarto ainda na penumbra
Eu olho outra vez
Seu corpo adormecido e mal coberto
Quase não me deixa ir
Fecho os olhos, viro as costas
Num esforço eu tenho que sair
A mesma condução, a mesma hora
Os mesmos pensamentos chegam
Meu corpo está comigo mas meu pensamento
Ainda está com ela 
Narrativa 2
Agora eu imagino suas mãos
Buscando em vão minha presença
Em nossa cama
Eu gostaria de saber o que ela pensa
Narrativa 1 
Estou chegando para mais um dia
De trabalho que começa
Narrativa 2
Enquanto lá em casa ela desperta
Pra rotina do seu dia
Eu quase posso ver a água morna
A deslizar no corpo dela
Em gotas coloridas pela luz
Que vem do vidro da janela
Colocando seu perfume preferido
Diante do espelho aquilo tudo
Ela esconde num vestido
Depois de um café, o olhar distante
Ela se perde pensativa
Acende um cigarro
E olhando a fumaça pára e pensa em mim
Narrativa 1
O dia vai passando, a tarde vem
E pela noite eu espero
Vou contando as horas que me separam
De tudo aquilo que mais quero
Meu rosto se ilumina num sorriso
No momento de ir embora
Não posso controlar minha vontade
De sair correndo agora
O trânsito me faz perder a calma
E o pensamento continua
Narrativa 2 
Pensando em minha volta muitas vezes
Ela vem olhar a rua 
Encontro das narrativas
A porta se abre e de repente eu 
Me envolvo inteiro nos seus braços
E o nosso amor começa
E só termina quando nasce mais um dia
Um dia de rotina, um dia de rotina
O sol ainda não chegou
Num dia de rotina
O nosso amor começa e termina
Quando nasce mais um dia
Um dia de rotina
O sol ainda não chegou

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