terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Como aprendi a escrever quadrinhos com Roberto Carlos

Um verdadeiro roteirista de quadrinhos deve estar atento a tudo, pois nunca sabe de onde pode vir uma boa ideia, uma informação importante ou uma técnica interessante. Alan Moore, por exemplo, diz que aprendeu algumas das técnicas narrativas mais interessantes lendo Gabriel Garcia Marques. 
Na verdade, podemos aprender algo até ouvindo uma música do Roberto Carlos. A música conta a história de um homem que vai para o trabalho, mas, apaixonado, não consegue deixar de pensar na mulher, de modo que conta os segundos para o reencontro. 
O interessante é que a música uma estrutura chamada de narrativa paralela, em que acompanhamos dois personagens e suas ações ao mesmo tempo. É uma técnica usada, por exemplo, por Frank Miller, em Batam Ano 1 em que acompanhamos, em paralelo, Bruce Wayne e o Comissário Gordon e suas respectivas chegadas em Gothan City. 
Essa mesma técnica é usada por Stephen King no livro A incendiária: enquanto a menina e seu pai foge, acompanhamos, quase simultaneamente, os seus perseguidores. 
Reparem como a narrativa começa com o homem acordando, indo para o trabalho, e pula para o cotidiano da mulher, que acorda, busca por ele na cama e depois vai tomar banho. A letra continua acompanhando o casal durante o dia, até o reencontro, no final. Mais uma lição: as narrativas paralelas devem se encontrar em algum ponto da trama, normalmente no final.

Vale lembrar também que o texto nos quadrinhos tem características semelhantes à letra de uma música narrativa baseada na concição e objetividade. As elipses, características dos quadrinhos, aparecem também na música de Roberto Carlos. Observem, por exemplo, a sequência inicial: o relógio desperta e na sequência seguinte o homem já está pronto para sair. Na cena seguinte, ele já está no ônibus. Lembra, e muito, a cena de A queda de Matt Murdock em que O Demolidor está na pensão e pensa em sair para se vingar do Rei.
Coloco abaixo a letra da música, com a indicação das narrativas. 



Narrativa 1
E o relógio há pouco despertou
Da porta do quarto ainda na penumbra
Eu olho outra vez
Seu corpo adormecido e mal coberto
Quase não me deixa ir
Fecho os olhos, viro as costas
Num esforço eu tenho que sair
A mesma condução, a mesma hora
Os mesmos pensamentos chegam
Meu corpo está comigo mas meu pensamento
Ainda está com ela 
Narrativa 2
Agora eu imagino suas mãos
Buscando em vão minha presença
Em nossa cama
Eu gostaria de saber o que ela pensa
Narrativa 1 
Estou chegando para mais um dia
De trabalho que começa
Narrativa 2
Enquanto lá em casa ela desperta
Pra rotina do seu dia
Eu quase posso ver a água morna
A deslizar no corpo dela
Em gotas coloridas pela luz
Que vem do vidro da janela
Colocando seu perfume preferido
Diante do espelho aquilo tudo
Ela esconde num vestido
Depois de um café, o olhar distante
Ela se perde pensativa
Acende um cigarro
E olhando a fumaça pára e pensa em mim
Narrativa 1
O dia vai passando, a tarde vem
E pela noite eu espero
Vou contando as horas que me separam
De tudo aquilo que mais quero
Meu rosto se ilumina num sorriso
No momento de ir embora
Não posso controlar minha vontade
De sair correndo agora
O trânsito me faz perder a calma
E o pensamento continua
Narrativa 2 
Pensando em minha volta muitas vezes
Ela vem olhar a rua 
Encontro das narrativas
A porta se abre e de repente eu 
Me envolvo inteiro nos seus braços
E o nosso amor começa
E só termina quando nasce mais um dia
Um dia de rotina, um dia de rotina
O sol ainda não chegou
Num dia de rotina
O nosso amor começa e termina
Quando nasce mais um dia
Um dia de rotina
O sol ainda não chegou

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Baghavad


Gostaria de apresentar a vocês uma de minhas mais novas produções, a HQ Baghavad, com arte do espetacular Nemo. Coloco aqui apenas uma página, mas você pode conferir o restante da história clicando aqui. Essa história faz parte de uma sequência de quatro HQs sobre o tema humanidade. Além disso, todas têm como título uma obra de literatura, nesse caso, um dos livros mais importantes do hinduismo. A primeira HQ da série foi uma adaptação do livro Coração das Trevas, de Joseph Conrad (que deu origem ao filme Apocalipse Now). Você pode ler Coração das Trevas (com arte de Jean Okada) clicando aqui.

Pesquisar é preciso

De vez em quando aparece por aí um gênio dos quadrinhos. É o cara que escreveu a história perfeita, e que tem a fórmula para salvar o quadrinho nacional. Conheci muitos desses. Geralmente são uns idiotas muito divertidos, e muito diferentes entre si. Mas a maioria tem uma característica em comum: a total ausência de pesquisa.
Estudiosos do processo de criação dizem que o surgimento de uma nova ideia passa por um processo que começa com uma longa pesquisa sobre o assunto. Essa fase é geralmente chamada de preparação. É uma fase de trabalho duro, em que se procura ler e pesquisar tudo que existe sobre aquela situação. Se, por exemplo, vou escrever uma HQ policial, essa fase engloba a leitura de livros sobre investigação criminal, sobre psicologia, perícia, etc. Também inclui o contato com quadrinhos, livros e filmes sobre o assunto. Com quanto mais material você tem contato, maior a chance de produzir algo criativo. Também é maior a chance de descobrir como o gênero funciona, quais são as suas regras, um conhecimento relevante até mesmo se você quiser quebrar essas regras.
A fase seguinte é a incubação e iluminação. Depois de pensar e pesquisar muito sobre o assunto, a ideia surge, geralmente num momento de descontração. É que toda nova ideia surge do incosciente, que trabalha justamente nesses momentos em que não se está pensando no problema. Mas, da mesma forma que o iconsciente pode lhe dar uma ideia sensacional e original, ela pode lhe dar um plágio ou uma ideia jerico. Para evitar isso, é necessário o último passo: a crítica.
A pesquisa é importantíssima em todas as fases. Sem ter material para trabalhar, o incosciente não cria nada. E, depois, na fase da crítica, se a pessoa não pesquisou bem, pode deixar passar um plágio involuntário, uma pegadinha do inconsciente, que puxou da memória algo que você não se lembra que viu.
Uma vez me apareceu um desses gênios dizendo que queria escrever um romance policial. Aconselhei-o a ler os clássicos do gênero: Conan Doyle, Dashiell Hamett, Raymond Chandler, etc. Ele me respondeu que não iria ler nada disso, pois não queria ser influenciado. Pretendia escrever algo totalmente original.
- Tudo bem, vá em frente! - eu disse.
Meses depois, ele me trouxe o roteiro, um calhamaço de quase 100 páginas. Era a história de um detetive particular pobretão que começava a investigar um caso quando uma mulher linda aparecia em seu escritório. Lá pelas tantas, alguém batiaem sua porta, e, quando ele abria, a pessoa caia em seus braços, esfaqueada.

Ou seja: o roteiro era o chavão dos chavões. Quase um plágio de algumas histórias noir, como as de Raymond Chandler e Dashiel Hammett. O garoto tinha assistido tantas imitações das histórias noir clássicas que seu incosciente se impregnou delas e, como não tinha bagagem cultural para tanto, não conseguiu identificar o plágio involuntário. Para ele, a história era perfeitamente original.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bonnie e Clyde

Bonnie e Clyde, filme de 1967, produzido e idealizado por Warren Beatty e dirigido por Arthur Penn, abriu caminho para a Nova Hollywood, a geração de cineastas que revolucionou o cinema norte-americano com obras como Sem Destino e O poderoso Chefão. O tema básico dessa geração já estava lá: o conflito de gerações, que aparece com maior destaque no final. Para quem não sabe, os dois eram assaltantes de bancos que ficaram famosos na década de 1930. Nessa época de depressão, muitas pessoas estavam perdendo suas propriedades para os bancos (fato muito bem mostrado no filme Vinha da Ira) e a população logo se identificou com a dupla, muitas vezes protegendo-os. Para a geração do final dos anos 60, a identificação foi imediata: eles eram como o casal, em busca de aventura e novidades, e a polícia representava a geração anterior, conservadora.
Dizem que Warren Beatty se jogou aos pés do presidente da Warner (que já estava praticamente falindo na época) para fazer esse filme. Ao invés de receber um cachê normal de astro, ficou com 40% da bilheteria, o que o tornou milionário quando o filme (indo contra todas as expectativas do estúdio) se tornou um sucesso de bilheteria. 
Um dos aspectos curiosos do filme foram as adaptações feitas no roteiro. Na história original, Clyde era bissexual, e só conseguia se excitar com a presença do terceiro membro da gangue, C.W. Moss. Os executivos proibiram essa parte do roteiro e a solução foi sugerir que o personagem tinha problemas de ereção, o que, de certa forma aumentou a tensão entre o casal, deu um ar de humanidade ao personagem e colocou a relação entre Bonnie e Clyde num patamar mais complexo, já que ficamos o tempo todo os nos perguntando o que os mantém juntos (talvez o gosto pela aventura). 
Uma figura central no sucesso do filme foi o roteirista Robert Towne. Towne era extremamente inseguro quando estava escrevendo um roteiro próprio, mas era o melhor para consertar roteiros de outros. Uma das maiores contribuições dele foi atencipar uma cena que acontecia após a visita de Bonnie à mãe. A gangue rouba um carro e, no final, acaba dando carona aos donos do carro. O grupo está se divertindo quando Clyde pergunta ao homem qual a sua profissão. Agente funerário, diz ele. Bonnie ordena: "Tirem esse cara daqui". A cena, antecipada, marca o final do segundo ato e o início do terceiro ato. Dali em diante sabemos que o fim do casal está próximo e que eles serão mortos. 
Uma curiosidade sobre o filme é que o seu sucesso entre a nova geração foi tão grande que a boina usada por Bonnie se tornou moda entre as garotas do final dos anos 60.

sábado, 27 de novembro de 2010

E-book sobre O Gabinete do Dr. Caligari

Clique aqui para baixar o livro virtual Caligari: do cinema aos quadrinhos. O e-book analisa o filme expressionista O Gabinete do Dr. Caligari e o processo de adaptação para os quadrinhos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Novo livro sobre roteiro de histórias em quadrinhos

Para comprar, clique aqui.

Curso de jornalismo da UNIFAP terá disciplina História em quadrinhos

O curso de jornalismo da Universidade Federal do Amapá – Unifap – terá uma disciplina pouco comum nos cursos de graduação: história em quadrinhos. A disciplina é optativa e será oferecida a partir do quinto semestre.
Entre outros assuntos, serão discutidos a linguagem das HQs, o mercado de quadrinhos e a relação com o jornalismo em obras como Maus, de Art Spielgman e Palestina, de Joe Sacco.
O coordenador do curso, Aldenor Benjamim lembra outro aspecto importante a ser discutido, a questão ideológica: “Os quadrinhos dentro do processo de comunicação de massa têm-se articulado como um serviço de divulgação da ideologia para manter o status quo da indústria cultural e dos bens simbólicos, sobretudo. Extrapolando sua função primeira e sendo aplicado nos campos políticos, propaganda comercial, na comunicação popular revela-se, todavia, rico na sua relação com os seus interlocutores”.
A ideia da inclusão da disciplina surgiu do professor Ivan Carlo, conhecido nos meios quadrinísticos como Gian Danton. “Há muito tempo os quadrinhos já estão nos cursos de comunicação, principalmente através de trabalhos de conclusão de curso que relacionam essa linguagem com o jornalismo, mas são poucas as instituições que colocam esse assunto na matriz. A inclusão da disciplina História em quadrinhos permite ampliar inclusive a discussão sobre o campo da comunicação”, diz.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A verossimilhança e a caracterização visual


Eu já expliquei aqui que história em quadrinhos de ficção não é documentário. Ou seja: uma HQ não precisa ser realista, ela apenas precisa convencer o leitor de sua realidade. Isso passa muito pela caracterização visual dos personagens. Por exemplo, os cientistas não costumam ser carecas, os malvados não costumam ser feios. Mas um bom desenhista recorre a essa generalização para que o leitor identifique, logo de cara, a função ou a personalidade dos personagens.



Basta olhar para Ming e Flash Gordon e perceber quem é o vilão e quem é o herói.
Marcos Rey, um dos grandes roteiristas brasileiros de cinema e TV lembra a figura de Sherlock Holmes, cuja caracterização, com cachimbo, lente de aumento e sobretudo xadrez, o identifica imediatamente.


Claro que hoje as HQs hoje não trabalham tanto com clichês, mas mesmo assim, desenhistas e roteiristas utilizam objetos, roupas e até expressões ou gestos para caracterizar os personagens, já que os quadrinhos são uma mídia visual.
Nos primeiros capítulos da webcomics Exploradores do Desconhecido tínhamos um personagem que aparecia em poucos quadrinhos. Ele era um político avesso à tecnologia, que é contrário à Operação Salto Quântico e que acaba sendo convencido pelo Capitão a apoiar o projeto. No meu roteiro, coloquei que ele era alguém antiquado, temeroso de avanços tecnológicos. Na hora de ilustrar a sequência, o desenhsita Jean Okada decidiu colocá-lo de óculos. Toda a caracterização psicológica do personagem ficou explícita sem que precisassemos usar uma palavra. Bastava bater o olho e o leitor percebia que aquele político era contrário às inovações (até porque seu óculos era do tipo antigo).

Quando divulgava a série no Orkut, ainda no ano de 2008, encontrei um suposto crítico de quadrinhos que implicou com o político de óculos e com o fato dos Exploradores não usarem toquinha. De fato, nas missões na NASA os astronautas usam uma toquinha e, por conta disso, esse suposto crítico achava que também os Exploradores deveriam usar toquinha.

- Mas em Jornada nas Estrelas eles não usam toquinha. - argumentei.
- Jornada nas estrelas é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas em Guerra nas Estrelas eles não usam toquinha. - retruquei.
- Jornada nas estrelas é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas no filme Contato, baseado na obra do cientista Carl Sagan, eles não usam toquinha. - expliquei.
- Contato é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!
- Mas em Esquadrão Atari eles não usam toquinha. - lembrei.
- Esquadrão Atari é uma m*... ! - respondeu ele. Em história de ficção científica, todo mundo tem que usar toquinha!

Como o palavrão é o argumento dos que estão errados, ele saiu batendo o pezinho e prometendo que ia mostrar como se fazia:
- Vou escrever um livro em que os astronautas usam touquinha e que os políticos não usam óculos. Vai ser um sucesso porque todo mundo quer ler histórias com astronautas de toquinha!

Pois é... dizem até que ele escreveu tal livro com o astronauta de toquinha... quanto ao sucesso...
A grande lição é: história em quadrinho não é documentário. Embora os astronautas da NASA usem toquinhas durante as missões, a maioria das pessoas pensa neles sem a tal toquinha pela simples razão de que, normalmente, quando aparecem em público, estão sem toquinha.
Assim, para o leitor normal, um astronauta de toquinha é menos verossímil que um astronauta sem toquinha. E nos quadrinhos a verossilhança é mais importante do que o realismo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Caligari: do cinema aos quadrinhos


Caligari: do cinema aos quadrinhosGian Danton
Série Veredas, 19
João Pessoa: Marca de Fantasia, 2010. 44p. Ebook em pdf.
978-85-7999-016-8
Arquivo grátis (solicite cópia ao editor).

Em 1920, na Alemanha, um filme alcançou o prestígio de ser um dos mais importantes da história mundial e, sem dúvida, o mais influente do cinema alemão. Trata-se de O Gabinete do Dr. Caligari , dirigido por Robert Wiene e escrito por Hans Janowitz e Carl Mayer. Sua influência foi tão grande que cunhou-se o neologismo caligarismopara se referir ao cinema expressionista alemão.
Alguns dos méritos desse filme foram a utilização de cenários pintados representando um clima sufocante de um estranho ambiente urbano e a história repleta de flash backs , com final surpreendente. Estes elementos inovadores para a época mostraram que o cinema poderia ir muito além de uma simples diversão popular, abrindo caminho para sua ascensão à sétima arte.
Em Caligari: do cinema aos quadrinhos , o roteirista Gian Danton (Ivan Carlo Andrade de Oliveira) analisa o filme desde a elaboração do roteiro à sua influência para o cinema mundial e em especial para o cinema alemão. Aborda também questões polêmicas, como a moldura introduzida no roteiro por Fritz Lang, e os cenários pintados com a técnica expressionista, que permitiu à película mostrar uma realidade mental, absolutamente revolucionária para a época.
Em complemento ao estudo, Gian Danton apresenta a adaptação do filme para os quadrinhos, trabalho realizado em parceria com o desenhista curitibano José Aguiar. O processo criativo da adaptação também é analisado, o que transforma o livro numa peça didática, mas com a leveza de quem é um reconhecido e premiado roteirista de quadrinhos.
Caligari, do cinema os quadrinhos , é uma obra essencial tanto para os fãs de cinema quanto os de quadrinhos. 

Para pedir uma cópia, escreva para: editora@marcadefantasia.com 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Death Ship

Abaixo um dos melhores episódios de Além da Imaginação que já assisti. Escrito por Richard Matheson (de Eu sou a lenda), a história alterna entre a ficção científica e a fantasia com um resultado perturbador. É impressionante como, usando apenas os diálogos, o roteirista consegue criar um estado de tensão permanente. Uma aula de roteiro.











quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Making of do Astronauta

Há algum tempo o amigo JJ Marreiro me mandou algumas imagens para que usasse em uma postagem sobre os bastidores da criação de nossa história do Astronauta para o álbum MSP+50. Na correria da Bienal, acabei não fazendo o post, mas corrijo esse lapso agora.
Ao começarmos a discutir nossa história, concluimos que o ideal seria algo que remetesse aos clássicos da FC, tanto nos quadrinhos quanto na literatura pop, quanto nos seriados. Assim, nosso Astronauta deveria ser uma mistura de Perry  Rhodan, Jornada nas Estrelas e Flash Gordon. Abaixo, alguns dos estudos do JJ para o visual da hístória:



O JJ começou pelas armas. Embora o visual estivesse legal, eu pedi que ele não usasse uma arma, pois ela não se encaixaria no personagem criado pelo Maurício.
O visual da nave passou por várias versões, mas acabou sendo definido como uma homenagem às naves da série alemã Perry Rhodan, do qual sou fã.

Foram feitas três versões do roteiro (chamadas de tratamento). Numa das primeiras versões, o herói chegava a um planeta que mostrava uma versão alienígena dos principais personagens da Turma da Mônica. As tiras abaixo são dessa primeira versão.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pós-graduação em quadrinhos, cinema e publicidade irá usar e-book sobre roteiro

O Centro Educacional Opet, de Curitiba, está oferecendo um curso de pós-graduação Lato Sensu em Quadrinhos, illustração, cinema e publicidade. Um dos módulos, ministrado pelo mestre Lielson Zeni, será sobre roteiro e será usado como bibliografia básica, meu e-book Como escrever uma história em quadrinhos, disponibilizado no site da Virtual Books. Para saber mais informações sobre essa pós, clique aqui.

sábado, 7 de agosto de 2010

Roteiro Crepúsculo

Neste post, além de colocar mais um exemplo de roteiro, gostaria de falar como um desenhista criativo pode valorizar um roteiro. Exemplo disso é o trabalho do Emanuel Thomaz na história que estou escrevendo para o personagem Crepúsculo, criado pelo amigo Alan Yango. A página que apresento aqui faz parte da segunda história da série e mostra o primeiro flash back do herói. Percebam que eu peço que o desenhist use algum reccurso gráfico para demonstrar que se trata de um flash back. O Emanuel, além de usar um traço em aguada, transformou os quadros em peças de quebra-cabeça, numa metáfora do processo de recordação (as lembranças seriam as peças do quebra-cabeça). O resultado valoriza muito a narrativa e não é apenas um enfeite. Para quem ficou curioso e quiser ler o restante da história, basta acessar o blog do Yango.



Página 4  - esta é uma página de flash back, portanto, eu sugiro que use algum recurso para demonstrar isso. Talvez um traço mais limpo, ou uma aguada.
Q1 – Um casal na cama. São Sandra e Augusto. Ela o beija.  É um quarto simples, com livros espalhados pelo chão e CDs do Legião Urbana, banda de que Sandra gosta.
Texto: Sândalo. A pele de Sandra cheirava a sândalo. Era tão suave e inebriante quanto o som de sua voz. Eu poderia passar a noite tocando-a.
Sandra: Vamos, preguiçoso. Levante!
Q2 – Sandra está se levantando da cama e ficando em pé, enquanto Augusto começa levanta apenas o tronco, sentando na cama.
Augusto: Gostaria de poder dormir até mais tarde.
Sandra: É, mas tem um monte de pautas para fazer... e ainda tem aquela história das crianças que estão desaparecendo...
Q3 – Sandra começa a vestir a roupa, enquanto Augusto começa a se levantar.
Augusto: Nem me fale. Isso é coisa grossa. Parece magia negra. E tem gente grande envolvida.
Sandra: De tarde eu te ajudo nessa pauta, agora de manhã, preciso fazer umas fotos publicitárias...
Q4 – Os dois estão se arrumando, vestindo suas roupas.
Augusto: Foto publicitária?
Sandra: Sou freela, meu bem. Tenho que ganhar a vida. Não se vive só de ideais.
Q5 – Sandra terminou de se vestir e se despede do namorado com um beijo.
Sandra: Preciso ir. Estou atrasada. Como alguma coisa no caminho. Te cuida.  

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