quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Para onde mandar trabalhos

O Joe de Lima fez, em seu blog, uma relação de editoras para as quais um roteirista pode mandar trabalhos. Para ler, clique aqui.

Registro de roteiros

Toda semana alguém entra em contato perguntando como registrar roteiro de quadrinhos. Cansado de responder individualmente, resolvi fazer um post sobre o assunto.
O registro é feito na Biblioteca Nacional. Clique aqui para uma página da Biblioteca com perguntas e respostas sobre esse processo de registro.
O registro não assegura direito sobre a ideia, mas apenas a forma. Ou seja: o registro não garante que alguém não vá escrever algo semelhante, mas assegura contra plágios descarados, aquele indivíduo que pega seu texto e publica como sendo dele. O registro não é garantia contra textos requentados ou modificados.
O registro é pago e os originais devem ser enviados pelo correio, embora seja possível baixar a ficha de inscrição no site da Biblioteca Nacional.
O valor normal do registro é R$ 20,00. Mais o Sedex, deve ficar tudo numa média de 50 reais.
Aí também é preciso ponderar se vale a pena registrar. Tem gente que me procura perguntando como registrar um roteiro de duas páginas. Ora, as editoras que pagam melhor, pagam 15 reais a página de roteiro. Nesse caso, você vai gastar mais para registrar do que irá possivelmente receber pela obra. Isso se receber, claro. Eu já levei calotes Homéricos - uma editora portuguesa me encomedou cinco histórias de 12 páginas. No final, não pubicou nem pagou nada e ainda fizeram a proposta indecorosa de me ceder a horrível logo criada pelo artista deles para a minha personagem como forma de pagamento.
Também é importante lembrar que a maioria das editoras prefere não pagar os roteiristas, mas pegar projetos prontos e pagar direitos autorais após as vendas. Se vender bem, você pode ganhar alguma grana. Um amigo meu que publicou um álbum por uma editora grande só recebeu alguns exemplares como pagamento. A mesma coisa aconteceu com o meu álbum War, histórias de guerra. O pagamento foram alguns exemplares.

domingo, 18 de outubro de 2009

Além da imaginação

Um seriado que todo roteirista deveria assistir é o Além da Imaginação. Criada pelo roteirista Rod Serling (o mesmo do primeiro filme do Planeta dos Macacos), a série se destacou muito mais pelas boas histórias do que pelos efeitos especiais. Com poucos recursos para efeitos ou locações, o roteirista caprichava nos ótimos diálogos e nas tramas envolventes. Uma verdadeira escolha sobre como escrever uma história curta.
Um ótimo exemplo disso é o episódio O Marciano. Nele, dois policiais vão investigar um suposto disco-voador e descobrem que algo caiu no lago e foi na direção de uma lanchonete de beira de estrada. Lá, descobrem que os únicos clientes são os passageiros de um ônibus. Mas o motorista só lembra de ter levado seis pessoas e existem sete. Um deles, portanto, é o marciano. A história toda tem praticamente uma única locação (a lanchonete) e pouquíssimos efeitos especiais, alguns até meio bobos, como luzes que acendem e apagam. Mas o estado de tensão criado pelo roteirista aumenta a cada momento.
Veja aqui o episódio, dividido em quatro partes.






quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Palestra com roteiristas da Turma da Mônica Jovem

A revista Mundo dos Super-heróis vai realizar várias atividades durante o Fest Comix. Uma delas é uma palestra com os roteristas Marcelo Cassaro e Petra Leão, da Turma da Mônica Jovem, que acontecerá na sexta-feira, 16/10 às 18 horas. A Fest Comix acontece no Centro de Eventos São Luís, Rua Luís Coelho, 323 (próximo ao metrô Consolação)São Paulo, SP. Informações: (11) 3088-9116 Site: www.comix.com.br/blog . Entrada: R$ 10 (estudante paga meia )

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quadrinistas contratados para o Casseta & Planeta

Considerada pela imprensa como uma “tentativa de injetar novas ideias ao programa”¹, a entrada dos Roteiristas Allan Sieber e Arnaldo Branco no Casseta & Planeta Urgente, da Rede Globo, foi anunciada pelos membros do programa como "contratações de peso para seu time".

ALLAN SIEBER é gaúcho, cartunista, roteirista e desenhista das tiras 'Bifa-Land' publicada no Estadão, 'Vida de Estagiário' e 'Preto no Branco' publicadas na Folha de S. Paulo. Também escreveu e dirigiu os premiados curtas de animação 'Deus é Pai' e 'Onde Andará Petrucio Felker?'.ARNALDO BRANCO é carioca, roteirista, cartunista e jornalista. Criador de personagens como 'Capitão Presença' e 'Joe Pimp', publicados pela revista Tarja Preta, produz tirinhas do 'Mundinho Animal' no site G1, e escreve as crônicas 'Histórias (Inventadas) da Televisão', na revista Monet. Também adaptou o clássico rodriguiano 'Beijo no Asfalto' para os quadrinhos. Leia mais

domingo, 11 de outubro de 2009

O melhor roteirista europeu


Terminou a enquete sobre o melhor roteirista europeu. Coloquei só três, os mais conhecidos do público brasileiro: Goscinny (Asterix), Charlier (Blueberry) e Berardi (Ken Parker - Júlia). Surpreendetemente, foi uma lavada: Giancarlo Berardi levou com 92% dos votos. Na verdade, Charlier só teve um voto e Goscinny nenhum. Uma injustiça. Todos os três roteiristas são muito bons. Com seu Asterix, Goscinny revolucionou o quadrinho infantil europeu elevando o nível de inteligência dessa mídia. Charlier criou o único cowboy que pode rivalizar com Ken Parker em termos de costrução de personagem e pesquisa histórica.
Como Berardi tem sido publicado mensalmente no Brasil e como Ken Parker ainda tem uma legião de fãs, essa deve ser a razão da vitória fácil.

A próxima enquete será sobre os roteristas da era de prata.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O roteirista profissional: televisão e cinema

Recentemente comprei o livro O roteirista profissional: televisão de cinema, de Marcos Rey. Não é segredo que Marcos Rey é um dos meus escritores prediletos e, depois de ler Esta noite ou nunca, no qual ele romanceia sua experiência como escritor de pornochanchadas, fiquei curioso para ler também esse livro.
Antes de mais nada, é bom avisar que não se trata exatamente de um manual. O autor até dá algumas dicas de como formatar o roteiro, mas não vai muito além da cabeça CENA 1 - LOCAL - EXTERIOR/INTERIOR - DIA/NOITE.
Na verdade, a obra é mais um relato de experiência com o qual podem aprender muito so que forem inteligentes e atentos. Escrito de forma coloquial, a impressão que temos é de estar conversando com um veterano e aprendendo de forma não muito sistemática.
Personagens

Uma das dicas é que Marcos Rey fazia uma espécie de questionário com qual "conversava com os personagens". Perguntas como: "Onde você nasceu? Qual a sua profissão? Gosta dela? Tem alguma religião? Já viveu algum grande amor? Tem algum ideal político? Gosta de repetir alguma palavra?" ajudam a compor o personagem. Todo mundo se lembra, por exemplo, do Coronel da novela Renascer que sempre dizia: "Certo, muito certo, certíssimo!".
No caso dos heróis, é bom dar-lhe um defeito, para torná-lo mais humano: Sherlock Holmes era um dependente de drogas, Poirot um vaidoso, Columbo um relaxado, só para ficar nos detetives.
Também é bom dar marcar fisicamente o personagem. Sherlock Holmes é conhecido pela roupa xadrez, pelo boné e pelo cachimbo. Kojak é careca e fuma uma piteira.
Se a dica é boa para seriados de TV, é melhor ainda para os quadrinhos, uma mídia que depende muito do visual.
RÚBRICAS

São marcações nas falas dos personagens para ajudar o diretor (ou o desenhista) a entender o tom da fala. Por exemplo:

JANDIRA (categórica): Neste hotel não vejo, não escuto, não falo!
PASCOAL (de boca cheia): É bom fazer coisa nova. a freguesia tá mudando!

DIÁLOGOS
Marcos Rey dá uma lição básica, mas importantíssima:
É preferível uma ação muda do que complementada por diálogos inúteis. Imagens também falam.
Nunca coloque em palavras o que a imagem já está tornando explícito.
Nesse sentido, ele critica os primeiros roteiristas de telenovelas, que, vindos do rádio, tinham o vício de fazer os personagens falarem o que estavam fazendo:
JANDIRA: Agora estou abrindo a porta. O que é isso? está tudo escuro? Ligaram uma luz! O quê? Fecharam a porta! Estou presa!
É, tem roteirista de quadrinhos que ainda faz esse tipo de coisa. Aliás, Marcos Rey devia estar pensando nos primeiros comics quando escreveu: "certos autores usam o diálogo como simples muletas de ação. Parece que escrevem histórias em quadrinhos".
NOVELAS
Marcos Rey conta que a maioria dos diretores mexia muito nos seus roteiros a ponto de muitas vezes ele não reconhecer seus textos na tela. De fato, normalmente diretores têm mais poder que os roteiristas e muitas vezes se dão o direito de mexer no texto. Isso só não acontece no caso das novelas. Os roteiristas são as grande estrelas e têm poder absoluto sobre suas novelas. Os diretores não costumam mudar quase nada. E a razão é simples: a produção de telenovelas é tão estafante e apressada que o diretor só tem tempo de filmar e editar. Curioso, não? É justamente o fato das novelas serem uma produção industrial que faz com que elas possam ser obras pessoais a ponto de conseguirmos distinguir o estilo do roteirista. Uma novela de Benedito Rui Barbosa, por exemplo, é completamente diferente de uma do Manoel Carlos.


ADAPTAÇÕES
Talvez o capítulo mais interessante seja sobre adaptações. Uma dica de Marcos Rey: adaptações ao pé da letra, fidelíssimas, são péssimas. De fato, esse talvez tenha sido o maior problema do filem Watchmen. Aliás, passado o vislumbre de ver nas telas uma transposição quase literal dos quadrinhos, o que ficou foram duas criações do diretor: a cena de abertura, com a música do Bob Dylan, perfeita, e o final, cientificamente muito mais correta do que a da história em quadrinhos.
Marcos Rey foi um dos roteiristas da excelente série do Sítio do Pica-pau amarelo da década de 1970. Hoje, 10 em cada 10 críticos diz que aquela adaptação da obra de Monteiro Lobato foi um marco, que encantou toda uma geração, mas na época a maioria dos itelectuais simplesmente odiou. E aí vai outra grande lição: nem sempre quem critica uma adaptação conhece a obra original.
Três exemplos:
1 Os críticos acharam uma heresia colocar uma televisão na sala da Dona Benta, mas não se tocaram que o Lobato já tinha colocado um rádio lá em plena década de 1920, quando esse aparelho era novidade absoluta.
2 Um episódio, Narizinho atômica foi muito criticado por estar deturpando a obra de Lobato. E era adaptação fiel de uma história menos conhecida de Lobato no qual ele falava do perigo das bombas atômicas.
3 A jornalista Cléo foi vista como absurda criação dos roteiristas, mas foi criada por Lobato, um visionário, que já imagina o dia em que as mulheres exerceriam o jornalismo.

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